21.05.2025 às 22:06h - Santa Catarina

Cursos EAD respondem por seis a cada 10 matrículas em SC 3fl1t

Ricardo Orso

Por: Ricardo Orso São Miguel do Oeste - SC

Cursos EAD respondem por seis a cada 10 matrículas em SC
Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil

Alvo de mudanças nas regras após a publicação de um decreto nesta semana, o Ensino a Distância (EAD) responde por seis a cada 10 matrículas em cursos de ensino superior em Santa Catarina. O Estado soma 274,2 mil matrículas em modalidade de educação remota, o que equivale a 59,1% do total, contra 189,5 mil alunos inscritos em cursos presenciais em faculdades (40,9% do total).

Os dados são do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2025, organizado pelo Instituto Semesp com base em números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os indicadores são atualizados até 2023.

Quase a totalidade das vagas de cursos EAD no Estado é oferecida por instituições de ensino superior da rede privada (99,5% do total). Já nos cursos presenciais, a distribuição entre a rede privada e pública é mais equilibrada – são 130,7 mil vagas em instituições particulares (69%) contra 58,8 mil em universidades públicas (31%).

Os cursos favoritos em SC

O Mapa do Ensino Superior também lista os cursos mais procurados por estudantes de Santa Catarina. Na modalidade a distância, a pedagogia lidera, com 37,6 mil matrículas na rede particular. Confira os cursos EAD mais procurados na rede privada de ensino superior de Santa Catarina na lista abaixo:

Os cursos a distância também registraram crescimento maior de matrículas em relação às opções presenciais. As vagas no ensino superior remoto tiveram alta de 6,9% entre 2022 e 2023, contra 1,9% de acréscimo na educação superior presencial.

No Brasil, a proporção dos cursos EAD é ligeiramente menor do que o registrado no Estado. Pouco menos da metade das matrículas (49,3%) é de ensino superior a distância, enquanto os outros 50,7% dos estudantes frequentam cursos presenciais. A região Sul tem a maior proporção de EAD entre as cinco regiões do país, com 57% das matrículas no modelo remoto.

Nos cursos presenciais, a lista dos mais procurados no Estado é liderada por Direito (21,9 mil matrículas), seguido por Psicologia (10,9 mil) e Pedagogia (7,8 mil). Medicina (7,2 mil) e Enfermagem (6,8 mil) fecham a lista do top 5 de faculdades presenciais com mais matrículas em Santa Catarina – todos na rede privada. Na esfera pública, istração ainda é o mais procurado, com 2,6 mil alunos registrados até 2023.

Vale lidera entre regiões

Quando analisada a região em que os cursos são oferecidos, o Vale do Itajaí registra o maior percentual de matrículas em cursos de graduação EAD, com 27,6% dos registros do Estado. Grande Florianópolis (20,6%) e Norte Catarinense (18,4%) aparecem na sequência.

Em todo o Estado, há 157 cidades com oferta de ensino superior EAD, com polo de ensino instalado nos municípios.

Evolução de matrículas

Os cursos superiores EAD também são os que apresentam maior tendência de crescimento nos últimos anos. Os números aumentam desde o início da série histórica, em 2009, com ritmo ainda maior depois da pandemia.

O professor Jair dos Santos Jr., diretor da Horus Faculdades e membro da Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina (Ampesc), afirma que a flexibilização da legislação sobre cursos EAD, promovida em 2017, somada a fatores como preço, comodidade e o estímulo causado pela pandemia de Covid-19, a partir de 2020, foram alguns dos fatores que causaram a alta nas graduações em ensino remoto nos últimos anos.

Já nos cursos presenciais, as matrículas tiveram queda entre 2015 e 2022, quando somados os números da rede privada e pública, mas voltaram a crescer em 2023. Para o especialista, o preço e os outros fatores associados, como deslocamento e gastos com alimentação, também contribuíram para um número menor de alunos.

No entanto, Jair afirma que esta modalidade já está revertendo o movimento recuperando alunos com fatores como o Universidade Gratuita.

Mudança de perfil e impacto nos preços

O associado da Ampesc, que também é membro da Comissão Assessora EAD do INEP, afirma que o decreto desta semana “elevou a régua” do ensino superior a distância, com mais exigência de infraestrutura, definição de cargas horárias presenciais mínimas e vistorias periódicas nos polos.

— Aquele curso em que o aluno ia uma vez por semana, uma vez por mês ao polo, vai deixar de existir. O aluno vai ter que ir com mais frequência ao polo — explica.

O dirigente ite que nos últimos anos o crescimento acelerado gerou concorrência por preço e enxugamento de estrutura de algumas redes, mas aponta que as regras anunciadas nesta semana podem causar consequências. Ele acredita em uma possível mudança de perfil, com realinhamento de preços de mensalidades e redução de abrangência, sobretudo de grandes redes do ensino a distância. Com isso, redes menores podem tentar absorver essa demanda de alunos.

— Algumas cidades deixarão de ter oferta de polo por conta da estrutura, [as redes] vão ficar, mas com preço mais alto. São dois elementos que a gente começa a olhar e ter o temor de uma redução no ingresso de alunos na educação superior do país e de Santa Catarina, o que é ruim — avaliou.

O dirigente cobra que o governo também promova incentivos a redes menores de ensino para que elas possam investir no ensino presencial ou híbrido em regiões que tenham diminuição de oferta.

— A preocupação do ministro é pertinente, a gente não pode fechar os olhos e dizer que não existiu oferta precária em algum lugar. Mas a ação dele no novo regramento sem uma política de supervisão e sem ações de apoio ao pequeno empreendedor da educação, corre o risco de que o resultado em longo prazo não seja o que ele quer — afirmou.

Mudanças nas regras do EAD

O ensino superior remoto teve regras modificadas esta semana, após a publicação de um decreto do governo federal. Entre as novidades está a proibição da oferta em modelo a distância de cinco cursos: Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia. Em Santa Catarina, o efeito desta restrição deve ser pequeno, já que as principais universidades comunitárias e particulares informaram não possuir esses cursos nestas modalidades.

Para os demais cursos EAD, o novo marco legal ou a exigir ao menos 10% de atividades presenciais e 10% de práticas síncronas mediadas – antes, não havia quantidade especificada.

Foi criado também o modelo semipresencial, que mescla pelo menos 30% da carga horária com atividades presenciais físicas, como estágio, extensão e laboratório, e outros 20% das atividades presenciais ou síncronas.

As regras arão a valer de forma gradual e as instituições terão até dois anos para se adaptar. Os cursos que já estão em andamento seguem no formato contratado até o fim.

No anúncio, o Ministério da Educação afirmou que a intenção da nova política de EAD é valorizar estudantes, professores e garantir infraestrutura nos polos e qualificação dos educadores.

Fonte: NSC Total

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